Banheiro/Visitantes

Abriu a porta com um chute simples dos coturnos com bico de ferro, arrebentando a fechadura, só porque sentiu vontade. O dono daquela maldita casa deu uma canseira desgraçada para morrer, o mínimo que ela podia fazer era estourar umas fechaduras do lugar enquanto o corpo do dito cujo jazia na sala. Estava imunda, da cabeça aos pés. Sua capa negra já estava completamente marrom, mesclada de um avermelhado escuro: sangue. Seu rosto também estava sujo com a mistura. As mãos, sujas de terra e sangue também. Estava como sempre ficava depois de alguma missão. Quase sentia saudades de "casa", da Alemanha, do Exército. Mas Lydell não era muito de sentir coisas. Saudade, por exemplo. A ideia lhe faria rir, se ela risse, mas não ria. Se encarou no espelho e tirou a capa, jogando-a na pia. O pano sobrou pelo gabinete, mas ela não se importou, ligando a torneira em cima da roupa. Tirou também as calças encardidas e as lavou como pode na pia, fazendo uma sujeira quase tão pior quanto estava antes. Mas pelo menos tinha conseguido limpar boa parte do sangue e lama. Deixou a roupa em baixo da torneira aberta, e foi em direção à banheira. Sequer tirou suas roupas de baixo. A primeira coisa que ela fez quando a banheira encheu foi tomar um belo e longo banho quente. Lavou o rosto, os cabelos, como não fazia há um tempo, demoradamente, com shampu e condicionador, e toda aquela frescura de mulher. Tirou até um cochilo dentro da água, o que aliviou bastante sua dor nas costas. Depois de um pouco mais de uma hora de molho na água quente, a caçadora se levantou. Trouxe as roupas molhadas para a beirada da banheira e estendeu tudo no chão. Ligou um secador na tomada e foi secando-as, pacientemente. Inclusive a roupa de baixo. Terminado todo o processo, a mulher vestiu-se outra vez, agora muito mais limpa e com menos dores, e esvaziou a banheira. Depois de vasculhar o banheiro, e pegar toalhas, pasta de dente, e todo tipo de coisa (colocando em sua mochila), ela saiu do lugar.